EDITAL PIBIC 2024/2025 Bolsistas: Maria Vitória e Roberval Lacerda
A separação cartesiana entre corpo e alma que caracteriza o pensamento sobre a escravidão e seus modos de produção está na base do desenvolvimento das tecnologias de automação mecânicas e computacionais modernas, e alimenta imaginações e projetos que têm como perspectiva a libertação do autoproclamado sujeito universal do trabalho através da escravização das máquinas – ou por outra, da escravização dos corpos e da natureza.
Como Grada Kilomba (2019) nos lembra, ao citar Fanon, o medo do sujeito negro, caracterizado como perigoso e violento, é o medo daquilo que o sujeito universal teme em si mesmo, projetado no outro. É assim que o sonho moderno de máquinas escravas, que libertam do trabalho o sujeito universal, torna-se em um piscar de olhos o pesadelo das máquinas que se revoltam contra o senhor, e de escravizadas passam a escravizadoras.
Esse medo tem motivado uma série de atitudes reacionárias a essas ferramentas e suas aplicações. Desde o seu advento temos acompanhado polêmicas envolvendo o reconhecimento da autoria de trabalhos artísticos realizados com IAs em salões e prêmios de arte, levantando questionamentos sobre se é ou não arte a arte feita com computadores. Em suas argumentações estes debates muitas vezes remontam a momentos passados da história ocidental da arte – como ocorreu com a fotografia em relação à pintura por exemplo. Do mesmo modo professores tem expressado a preocupação de que as IAs podem simplificar demais o processo de aprendizagem, fornecendo respostas rápidas e prontas, sem promover o desenvolvimento do pensamento crítico, da criatividade e da capacidade de resolver problemas de forma independente dos alunos.
Este projeto busca aprofundar um viés crítico e propositivo em relação ao emprego de aplicativos de inteligência artificial no campo das artes e da educação, visando o desenvolvimento de atividades comprometidas com teorias e práticas emancipatórias e promotoras de justiça e igualdade.