Ecos Africanos

O projeto de pesquisa Echoes of the Africana nasceu no departamento de African Studies da Universidade de Indianápolis nos EUA e está sendo desenvolvido por um grupo internacional de pesquisadores incluindo a participação do Balaio Fantasma desde a sua criação. O objetivo é engajar uma rede transnacional de pesquisadores e estudantes africanos, afrodescendentes e afrodiaspóricos por meio de tecnopoéticas negras. O foco é desenvolver e implementar abordagens para criação, crítica e produção acadêmica, artística e tecnológica baseadas em princípios culturais ancorados nas práticas libertadoras por e para pessoas racializadas ao longo do tempo e do espaço. O projeto visa dissipar as distorções sobre a cultura, identidade e história afro diaspórica no que se refere à vida dos estudantes e pesquisadores que enfrentam desafios diários para o ocupar seu lugar no mundo. Com esses objetivos em mente, acreditamos que o trabalho fornecerá aos participantes o conhecimento e a base empírica para liderar o trabalho de justiça social e racial no Brasil e no mundo.
Utilizamos uma abordagem transdisciplinar específica de humanidades para a pesquisa (como autoetnografia, produções de literatura, história oral, trabalho de campo, história antropológica, passeios patrimoniais, conhecimentos tradicionais, etc.) que envolvem estudantes e pesquisadores em um mapeamento dos efeitos duradouros da colonialidade e seus procedimentos de classificação, racialização e subalternaização, Temos particular enfoque nas lacunas de uma educação territorializada e nas subsequentes desigualdades que caracterizam as experiências e efeitos da colonização transnacionalmente.
Os participantes começarão com a pesquisa intercultural que explora a estrutura epistemológica que orienta a cultura e o desenvolvimento dos povos autóctones antes da invasão dos europeus. Isso será seguido por uma exploração crítica do comércio transatlântico de escravizados, da escravidão e do colonialismo, chegando aos processos de racialização em andamento para identificar padrões de continuidade e descontinuidade no presente. Esta fase será fundamental para identificar as práticas libertadoras e prósperas pelas quais os povos colonizados resistiram, enfrentaram e continuam a resistir e enfrentar de forma inovadora os processos de colonização. Esta entrada no tema permitirá aos participantes uma compreensão mais profunda do deslocamento forçado em massa que povoou o mundo ocidental e suas inúmeras implicações para a formação das sociedades mundo afora. Portanto, as áreas específicas de especialização dos pesquisadores em arte, história, tradições baseadas no território, literatura, economia política ou tradições religiosas serão estudadas para formalizar e centralizar cultura e memória como espaços primordiais para análise e solução de problemas.

Os objetivos gerais do projeto buscam responder a demandas do espaço geopolítico contemporâneo como produtos diretos de ideias racistas que têm evoluído através da escravidão, do colonialismo e da globalização. A fim de explorar as dimensões da identidade e da representatividade, o projeto visa fortalecer a capacidade empírica de usar análises históricas e Contemporâneas para interrogar, interpretar e propor novas visões.
Um objetivo específico do projeto será a produção de uma experiência digital interativa que permitirá seguir mapas produzidos pela pesquisa, e que fornecerão detalhes por meio de uma série de produtos digitais baseados em humanidades, como histórias digitais e outros modos criativos de arquivamentos e experiências com formas de inovação tecnológica, como realidades mistas e mapeamento 3D. A rede iniciada pelos colegas da Universidade de Indiana, nos EUA, foi extendida através do projeto na UFBA a colegas da Universidade de Abomey-Calavi, na República do Benin e da Universidade Federal do Recôncavo – UFRB. Cada uma dessas instituições representará regiões geográficas onde o comércio de escravizados removeu ou depositou pessoas à força. A proposta é organizar um grupo de trabalho de professores e estudantes que estará ativo durante os anos letivos de 2024 a 2026. Haverá também o incentivo para que as pessoas participantes viajem para instituições parceiras para um trabalho de campo mais profundo. Embora reconheçamos as diversidades únicas dentro e entre comunidades afrodescendentes em todo o mundo, acreditamos que, se pudermos mapear nossas experiências, podemos encontrar vastas realidades compartilhadas.
Nesse sentido, nossa singularidade, muitas vezes situada em contextos distintos, pode servir para fortalecer a solidariedade e promover a libertação e o empoderamento para a transformação da sociedade. Para esses fins, nossa iniciativa também busca construir infraestrutura educacional e de pesquisa na forma de um site disponível ao público para criar uma plataforma para discussões acadêmicas, publicações em coautoria e compromissos mutuamente transnacionais centrados na luta antirracista.

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