Corpo Cidade 6

Corpo Cidade 6

O Balaio Fantasma participa da atividade Proposições, no congresso Corpo Cidade 6. Essa participação visa a realização, durante o evento, de um trabalho coletivo de articulação entre pesquisa artística e atualização crítica acerca das coimplicações corpo/cidade.
Nossa proposição se inscreve na série de pesquisa-intervenção Cine Fantasma, que a artista pesquisadora Paola Barreto desenvolve desde 2013 e que já aconteceu em cidades como Belo Horizonte (MG), Berlim (Alemanha), Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ), Roma (Itália), Salvador (BA) e São Paulo (SP) , entre outras. Trata-se de um trabalho de escavação de memórias, vestígios e ruínas de determinado território da cidade, com o propósito de produzir aparições fantasmagóricas por meio de colagens de áudio e vídeo projetados em espaços públicos. Para o Corpo Cidade 6 estamos desenvolvendo um trabalho site specific que objetiva a construção de uma paisagem sonora que se irradia a partir do centro histórico de Salvador e reverbera sobre seus territórios adjacentes, num mergulho espaço-temporal que desvia dos clichês e busca a projeção de possíveis futuros para a região, a partir de uma perspectiva crítica e inclusiva. Para a execução desse mapeamento de fantasmas serão realizadas entrevistas com fontes primárias, levantamento de documentos em bibliotecas e arquivos de pesquisa, consulta a matérias de jornal, fotografias, filmes, livros, contos, poesias… 25 estudantes do Bacharelado Interdisciplinar em Artes do IHAC / UFBA compõem as 5 equipes de pesquisa que estarão trabalhando de modo integrado na coleta e produção de arquivos sonoros ao longo dos meses de setembro, outubro e novembro sob orientação da pesquisadora. A partir desse trabalho de escavação, edição e mixagem sonora serão desenhados 5 percursos que atravessam o território mapeado, e o projeto será compartilhado no Corpo Cidade 6, tanto no formato de apresentação oral pela pesquisadora e bolsistas quanto na realização caminhadas sonoras, guiadas pelos grupos de estudantes. As paisagens sonoras desenhadas para cada percurso e que acompanharão cada caminhada serão disponibilizadas em arquivos mp3 para os participantes, incentivando uma experiência crítica de flânerie, atenta às formas sobreviventes que se sobrepõem no tecido da cidade e às dinâmicas predatórias do capital que criam novos fantasmas. As caminhadas serão acompanhadas pela Rádio Fantasma, sintonizada através de aparelhos customizados, compostos por circuitos eletrônicos simples associados a uma bobina de cobre para exploração do espaço hertziano. Esse trabalho de composição sonora contará com a colaboração do artista sônico suíço Luca Forcucci, que estará em Salvador participando do programa de extensão da pesquisadora na UFBA e irá oferecer a oficina Escuta Profunda da Cidade.

Como método de pesquisa para criação em arte, a Rádio Fantasma mistura arqueologia e fabulação, unindo paradigma indiciário e psicogeografia para conjurar fantasmas na encruzilhada entre territórios físicos e simbólicos. O resultados são sempre compartilhados no espaço público, voltando à rua, num movimento de despertar as forças adormecidas ou recalcadas e reativadas no processo escavação.

Como modo de estabelecer um diálogo, como uma linguagem das coisas e dos corpos, como aquilo que existe em uma área do espectro à qual somos pouco sensíveis, talvez: a fantasmagoria é uma tecnologia mística e política, uma forma de sensibilização.
Referências: Carlo Ginzburg, Guy Debord, Helio Oiticica, Lygia Clark, Suely Rolnik.

Site Corpo Cidade 6: http://www.corpocidade6.dan.ufba.br/

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