Arte Tecnologia e Educação, Part.1

Essa conversa abaixo não é, nem pretende ser, uma resposta pronta definitiva nem completa, não são soluções de problemas muito menos a salvação, é apenas um pensamento em processo, imperfeito e espero mutável. Estou reafirmando essa fala, como fiz em outros posts deste blog, porque sinto muitas vezes na minha escrita, uma fala com muitas certezas e em muitos momentos algo que parece soluções, com o que pode parecer arrogância e prepotência, mas é apenas uma escrita apaixonada por um tema que me empolma, emociona e me move, porem sou apenas um estudante tentando pensar e apreender, principalmente com os pensamentos contrários ao meu.

Em nossas sociedades contemporâneas, estamos imersos nas tecnologias microeletrônicas, a internet, os smartphones, o sistema financeiro e tantas outras atividades que executamos diariamente dependem diretamente de placas, chips, diodos, capacitores e tantos outros pequenos componentes, entretanto sabemos de fato o que são e como funcionam?

Poderia ser uma chamada do globo repórter, onde vivem? O que comem? Como se reproduzem?

Muitos não sabem o que significa os componentes eletrônicos que mencionei.

– Mas como pode ser verdade, é algo que dependemos e não temos ideia de como funciona? Isso devia ser ensinado nas escolas!

Não só a microeletrônica, como tantas outras áreas que estamos imersos, por exemplo precisamos comer, mas não sabemos plantas, precisamos de uma casa, mas não sabemos construir, mas irei falar aqui, por enquanto, da microeletrônica.

As escolas não deveriam ser o que se tornaram hoje, estacionamento ou depósitos de crianças, um lugar relativamente seguro onde posso deixar meu filho para que eu possa trabalhar, ou apenas um preparatório para a faculdade. A escola poderia e deveria ser um lugar magico onde se desperta mentes para o futuro, e não um espaço que se parece com um preparatório para prisões e fabricas, em suas grades, segregação de etapas de montagem e horários definidos.

Onde vemos nas sextas feiras, alunos saindo por uma porta gritando de alegria por chegar o fim de semana, e ficarem dois dias sem aulas, e os professores saindo por outra porta com a mesma alegria pelos mesmos motivos.

Nessa imagem abaixo, conseguirmos definir se é uma escola ou uma prisão?

Trago agora o clipe da musica another brick in the wall, part. 2 do grupo Pink Floyd, e a música estudo errado de Gabriel o Pensador

– Mas isso não existe, não consigo nem mesmo imaginar como pode ser uma escola assim.

E não precisa imaginar, essas escolas já existem, a escola da ponte, o projeto ancora as escolas de Pedagogia Waldorf e tantos outros projetos da chamada educação integral, e não confunda, educação integral com educação em tempo integral elas são bem diferentes, não só pensam como possuem projetos práticos a mais de 30 anos.

Compartilho abaixo um documentário um pouco mais longo, mas achei importante colocar, mesmo que seja para assistir em outro momento

– Não discutimos?

Não discutimos enquanto sociedade, não discutirmos enquanto educadores, não discutirmos enquanto universidade no papel de formação, arrisco dizer que, apenas quem discute educação é a pedagogia, dentro da universidade e fora dela os pedagogos pensam e discutem educação em um nível mais profundo da educação, Porem os pedagogos estão ensinando no chamado fundamental um, que está do primeiro ao quinto ano do ensino regular, a criança que chega ao sexto ano se depara com uma outra realidade, onde uma lógica fordista está atuando de maneira tão feroz, que é onde temos o maior número de evasão escolar, as escolas públicas do nosso pais, tem turmas de sexto ano lotadas e lutam para forma uma sala de terceiro ano do ensino médio, os estados inventam as chamadas escolas modelo, que em geral está distante das grandes favelas, que tem seleção para ingresso e são usadas como cortinas para esconder as escolas públicas de verdade, que são escolas que estão dentro das comunidades, que convivem com todo um trafico organizado, com prédios alugados ou cedidos, espaços esses que nunca foram pensados enquanto espaços educacionais, com professores que moram em outras áreas da cidade, e a única coisa que conhecem da comunidade é a escola, e caminho para sair dela, além de tantas outras mazelas que estamos, infelizmente, acostumados a conviver e chamar de escola pública.

– E Quem são os culpados?

Faltariam dedos para apontar os culpados, pois somos todos nós, cada um de nós desempenhamos um papel de culpa, um dos, se não o principal, é o poder público, pois o descaso dos governantes com as escolas não é despretensioso, é um projeto elaborado de não acesso à educação de qualidade, para assim manter um povo dócil e manipulável, a partir deste descaso governamental temos uma escada de consequências que passa pela falta de compromisso da família/sociedade com a escola, com a falta de recursos para gestores escolares, com baixos salários e valorização dos professores, e é tudo jogado em cima das crianças e adolescentes.

Mas quero falar de forma mais especifica da universidade, sobre tudo de onde estou, dá Universidade Federal da Bahia (UFBA), sou aluno do bacharelado interdisciplinar em artes e como proposta do bacharelado após o fim deste curso, irei migrar para um curso de progressão linear, e esse curso será licenciatura em letras, meu curso atual também permite que pegue matérias de outros curso e eu venho pegando matérias do curso de letras, após essa pequena apresentação vamos a uma afirmação, os cursos de licenciatura da UFBA não formam profissionais capacitados para a escola, tirando os estágios, que já percebi que servem muito mais para ensinar os vícios de alguns profissionais, do que de fato a educação, temos apenas duas matérias obrigatórias para pensarmos a educação, isso em uma grade curricular de quase 40 matérias obrigatórias, as outras matérias nos ensinam a parte técnica da língua, que é de fato muito importante, crucial,  mas do que adianta sem didática? Não vou nem entrar no mérito de letras está com a cabeça muito mais em Portugal do que no brasil, e de, não deliberadamente, esquecer totalmente as nossas matrizes africanas.

A universidade pública tem um papel essencial na transformação educacional deste pais, porem seus professores, fechados em suas especialidades e grupos de pesquisa, que muito pouco tem a ver com a educação, educação chão de sala, os professores universitários não estão nem ai, para importância da escola básica e nós os futuros professores que ali estão, seguem o mesmo caminho, pesquisamos a língua portuguesa em Portugal, o latim, o grego, a fonética, o léxico e esquecemos da práxis e da educação.

– Como mudar?

A mudança pode vir de qualquer lugar da equação, e inundar as outras “etapas” da educação. Obviamente o caminho mais fácil seria um grande pacto dos governantes em prol da valorização e investimentos em educação e educadores, um verdadeiro projeto de nação educadora, porem esse é o caminho que tenho menos esperanças, já que na logica destes perpétuos governantes, um povo dócil é melhor.

Poderia vir da universidade, mas os professores das licenciaturas são muito técnicos e pouco educadores.

Poderia vir de uma revolta social, mas como se revoltar, se temos que vender o almoço para dar a janta aos filhos.

Minha esperança é o trabalho de formiga, feito por um professor ou professora que quer fazer a diferença, e move outros e outras a sair de suas zonas de conforto, a deixarem seus planos de aulas reciclados de anos e anos anteriores, e pensar algo novo, algo para os alunos do presente.

Minha esperança está nos alunos universitários assim como eu quero ser, que dentro dos cursos de licenciatura querem discutir as práxis educacionais, como ponto central do curso, e não algo a se comentar no final das matérias, as licenciaturas formam professores, se a técnica e a práxis não caminharem juntas, formamos apenas técnicos, que sabe todas as transformações históricas de um fonema, mas não sabem despertar o conhecimento em seus alunos, já que nunca foram despertados a pensar assim.

Ou seja, minha esperança está nas pessoas.

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Obra “O impacto de um livro” de Jorge Méndez Blake

Me alonguei mais do que queria nesta escrita, que irei dividir em duas partes, onde retomarei o que falava no início, o que a tecnologia microeletrônica tem a ver com tudo isso? Como a arte tecnologia pode ter um papel crucial para uma revolução educacional? Pretensões nada modestas.

Sei que cada tema que tratei aqui, merecia um artigo independente e mais detalhado, porem a ideia é ser apenas uma introdução rasa para discutirmos mais especificamente, a arte tecnologia na educação que é o que faremos na semana que vem.

Sendo assim até a semana que vem…

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